Elas não pegam Aids

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                   Elas não pegam Aids

                           Africanas imunes ao HIV podem ter o
                        segredo de uma vacina contra o vírus



Prostitutas quenianas num centro de pesquisa:células que matam o vírus 

Sete em cada dez doentes de Aids vivem na África ao sul do Deserto do Saara. São 29 milhões de infectados, e só no ano passado a epidemia matou 2,4 milhões de pessoas. Em meio a essa tragédia, um grupo de 200 prostitutas de Nairóbi, a capital do Quênia, chama a atenção: apesar de cada uma delas manter anualmente relações sexuais com uma centena de portadores do vírus da Aids, sem nenhum tipo de proteção, não há registro de alguma contaminada. Pelo que se conhece da propagação da epidemia, não haveria como essas prostitutas não serem portadoras do vírus. A probabilidade de uma mulher contrair a doença é de 10% em cada encontro com um parceiro que tenha o vírus. O risco aumenta bastante se ela tiver ferimentos na vagina ou se as condições de saúde e de higiene forem precárias. É essa a situação dessas mulheres, que vivem em barracos decrépitos, são desnutridas e chegam a atender dez homens por dia. Ainda assim não contraem a doença. Nos últimos oito anos, pesquisadores internacionais têm estudado as origens dessa rara imunidade, na esperança de que esse conhecimento ajude no preparo de uma vacina eficaz contra o HIV, o vírus da Aids. 
Voluntária recebe vacina em Nairóbi: primeiros resultados só no próximo ano 
O peculiar sistema imunológico das "prostitutas de Nairóbi", como são citadas nos congressos médicos, já é conhecido. O segredo delas está numa célula conhecida como CTL, que tem por missão identificar e destruir células infectadas por vírus ou tumores. O problema é que, na maioria das pessoas, a CTL não consegue vencer o HIV. Chega a identificar as células infectadas e até começa a combater a doença, mas logo perde força, e o vírus toma conta do organismo. Nas mulheres de Nairóbi, ao contrário, a CTL é extremamente eficaz no ataque às células infectadas, destruindo-as antes que o vírus se replique no organismo. Ao que parece, essas mulheres desenvolveram a capacidade de atacar um grupo específico de proteínas do HIV que, suspeitam os cientistas, seria um ponto vulnerável do vírus.
A cada novo contato com o HIV, o sistema imunológico das quenianas adquire maior eficácia no combate ao invasor. Em contrapartida, se cessa a exposição ao vírus, a imunidade diminui, e elas se tornam vulneráveis à Aids como qualquer pessoa. A partir desse conhecimento, foram desenvolvidas algumas vacinas. Estão sendo testadas no Quênia, na Inglaterra, e, na semana retrasada, uma nova começou a ser usada em um grupo de cinqüenta voluntários em Uganda. A estratégia da vacina é introduzir no organismo as mesmas proteínas do HIV que são atacadas pela CTL das prostitutas de Nairóbi. O objetivo é tentar ensinar o organismo a reconhecer e combater o vírus. Os primeiros resultados dos testes preliminares, que tentam identificar os efeitos colaterais do medicamento, serão conhecidos em 2004. É cedo para prever a cura da Aids. Fonte:http://veja.abril.com.br

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